O Peru é definitivamente um país surpreendente. Quando você pensa que suas opções de passeio se esgotaram eis que brotam inesperadas maravilhas pelo meio do caminho. Uma delas foi justamente o tour Valle Sur que eu fiz saindo de Cusco.
Esse passeio, com duração média de 6h, faz você viajar pelas ruínas pré-incas do Império Wari, passar pelo sítio arqueológico de Tipón já na era inca e desembarcar no período da colonização espanhola com a visita da chamada “capela sistina da América” em Andahuaylillas. Confira abaixo como foi.
Tipón, uma maravilha da engenharia hidráulica
Tipón fica a 23 km de Cusco e a 3.500 m de altitude mais ou menos. É considerado uma obra prima da engenharia hidráulica pelo sistema elaborado de irrigação baseado em muros de pedras e canais em rochas. Aparentemente é o único complexo inca em funcionamento perfeito com a captação de água ainda sendo útil pra comunidade.
A obra grandiosa foi construída pelo povo inca sem impacto na natureza, pouca coisa foi mudada para dar lugar a esse sistema de irrigação.
Dizem que engenheiros ficam emocionados com essa visita. Eu entendo muito pouco de engenharia, mas também achei o máximo. E o dia só estava começando.
As incríveis muralhas pré-incas de Pikillacta
Avançamos mais 30 km rumo ao sul e surpreendentemente ao passado. Fomos ver uma amostra do império Wari, povo que dominou a área antes dos incas. A tese é de que entre 700 e 900 d.c. os Wari formaram a primeira grande civilização do território, com exército, sistema agrícola e uma área importante administrativa, justamente sob nossos pés: o sítio arqueológico de Pikillacta.
Uma coisa interessante em Pikillacta que não vi nos outros lugares é que tem escavações bem recentes e é possível ver o trabalho dos arqueólogos de perto.
É uma área de mais ou menos 2 km² com muralhas enormes de até 12 metros de altura que estão sendo reveladas agora. Tudo está muito deteriorado e o processo de escavação e restauração vai ser imenso.
Existem muitas teorias sobre o porquê do colapso e abandono de Pikillacta, já que a ‘fortaleza’ não aparece em nenhum relato dos cronistas da época da colonização hispânica. Há muita coisa ainda pra ser descoberta, um desafio pros arqueólogos e uma fonte inesgotável pra nossa imaginação ao passear por ali.
Um salto no tempo nos leva ao período colonial: a capela sistina da América
Era hora de deixar nossa civilização pré-inca e dar um salto ao futuro. Chegamos ao ao século XVII, em pleno período colonial. Foram mais 18 km ao sul para visitar o templo de São Pedro de Andahuaylillas, apelidada de “a capela sistina da América” pela riqueza de detalhes das pinturas.
A igreja foi restaurada em 2012 depois de 4 anos de trabalho e atualmente é o principal atrativo da chamada Rota do Barroco Andino que tem outras igrejas do período colonial.
As pinturas são realmente impressionantes, com destaque para a área da entrada principal com as representações do “Caminho para o Céu” e “Caminho para o Inferno” de Luis de Riaño. É a interpretação, segundo a Igreja, das ações que nos levam a um ou ao outro no pós-mortem.
A presença de um guia no interior da igreja é essencial, pois é muito difícil interpretar as pinturas no curto tempo da visita. Por isso aconselho ir com um tour e não por conta própria.
Resumo:
O tour tem duração de 6h, com volta a Cusco às 15h mais ou menos.
Não precisa reservar com antecedência, pois o passeio sai todo dia de Cusco.
Custou 45 soles, com as entradas da capela e do museu. As entradas de Tipón e Pikillacta fazem parte do boleto turístico que certamente você já terá em mãos.
A excursão inclui também a visita do Museu em Andahuaylillas onde tem as múmias de crânios gigantes. Uma incógnita ainda pra arqueologia.